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Ana Lara Chagas
Oliveira

A caminhada de um bailarino

Lennon Rafael dos Santos encontrou na dança a paixão pela arte e uma forma de expressão

           A descoberta do balé, para Lennon Rafael dos Santos, 22 anos, foi um ponto de virada que ocorreu cedo em sua vida: aos cinco anos, ele ficou encantado ao assistir uma reportagem sobre uma escola de dança e, impulsionado pela leveza e beleza dos movimentos, pediu ao pai para começar a fazer aulas. Assim, deu início a seus estudos em um projeto social que ofertava aulas de balé em Guarapuava, quando teve a oportunidade de participar de aulas gratuitas e realizar apresentações anuais, que alimentaram ainda mais seu amor pela arte.

           Ao longo dos anos, essa paixão o levou a caminhos desafiadores e recompensadores. Determinado a se profissionalizar, ele seguiu em frente e se formou em balé pela AAB (American Academy of Ballet), um dos métodos mais reconhecidos mundialmente, quando um diretor viajou de Nova Iorque para Guarapuava para avaliar diversos bailarinos, incluindo Lennon. Completando o nível 12, o mais avançado da academia, ele conquistou uma formação sólida. “Então eu me formei aos 18 anos e, no mesmo ano, eu consegui o meu registro profissional de bailarino aqui no Brasil, pelo Estado do Paraná. Conquistar os dois registros foi uma grande transição do estudante para o profissional”, salienta Lennon.

           Mas o caminho até essas realizações foi árduo. Ele enfrentou diversas dificuldades financeiras, que poderiam ter interrompido sua trajetória, mas graças ao apoio incansável da família e das oportunidades oferecidas pela escola de dança, que disponibilizava bolsas de estudos, conseguiu continuar em frente.

           “Eu já tive mais de 20 troféus, já viajei para várias cidades e participei de festivais internacionais. Nos anos de 2017 e 2018, na Argentina, ganhei primeiro e segundo lugares de coreografia solo, já conquistei dois prêmios de melhor bailarino de festivais de dança. Por trás de todas essas vitórias, havia uma grande demanda financeira. Minha mãe e meu pai sempre estavam junto comigo me ajudando, me dando auxílio, mas a própria escola me apoiava, me oferecendo bolsa de estudo, por exemplo”, comenta ele.

            Inspirado por seus professores, desde cedo Lennon percebeu uma afinidade especial pelo ensino, o que o levou a atuar como estagiário de professor já aos 14 anos. Dois anos depois, começou a dar aulas oficialmente e, em 2021, profissionalizou-se no ensino da dança. Hoje, o jovem é professor de jazz em Guarapuava, uma outra modalidade de dança, embora o balé continue sendo uma paixão e parte importante de sua formação. 

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Lennon Rafael dos Santos se apaixonou pela dança aos cinco anos. Hoje, aos 22 anos, é bailarino profissional e professor de modalidades como o balé e o jazz. Foto: Anariel Sanchez

Desafios pessoais

            Além do caminho tradicional da dança, ele enfrentou desafios relacionados ao preconceito. Ser bailarino trouxe experiências de resistência contra estigmas, algo que ele encara com a convicção de que a dança é uma expressão universal e acessível a todos. Observando as dificuldades que seus alunos muitas vezes enfrentam devido às pressões sociais, ele busca promover um espaço de acolhimento e incentivo, acreditando que a dança pode ser um alicerce para o crescimento pessoal. Com o tempo, ele passou também a atuar como desenhista de figurinos e maquiador para espetáculos de dança, auxiliando na construção visual das produções em que participa.

            “Desde pequeno, sofri vários preconceitos e estereótipos enquanto bailarino. A figura masculina no balé, por muitos é menosprezada. O homem no balé tem que dar segurança para a mulher, porque ele é a base para quando eles vão dançar juntos. Então, o homem é um resultado de muita força e resistência para os saltos e giros, o homem realmente dá um espetáculo dentro do balé clássico, é uma forma de resistência contra todos esses preconceitos, esses paradigmas. Passei por alguns casos muito graves que realmente foram bem intensos para mim e me fizeram cogitar parar de dançar, porém eu fui forte”.

             Lennon também alimenta o desejo de seguir carreira acadêmica em Pedagogia. Ele vê a dança como uma ponte para novos sonhos e um canal para inspirar aqueles que, assim como ele, enxergam na dança não só uma forma de expressão, mas uma manifestação de sua própria essência.“

             O que me motiva a ensinar é realmente passar aquilo que eu sei fazer, da forma que eu sei fazer, com carinho e amor pela arte. É muito gratificante ver a trajetória das crianças, perceber que eu também passei por aquilo e poder contribuir de alguma forma na vida delas. Assim como eu me inspirei em outras pessoas, espero que eu possa também ser inspiração para elas”, finaliza.

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Lennon já conquistou mais de 20 troféus, incluindo de festivais de dança internacionais. Foto: Anariel Sanchez

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