Fact-Checking na era da pós-verdade
Yandry Pereira
Onde as fake news se proliferam em meio a desinformações
Em meio à era da pós-verdade, as redes sociais se tornaram um terreno fértil para o crescimento e desenvolvimento de um fenômeno preocupante: as fake news. Essas notícias falsas, muitas vezes disseminadas com fins maliciosos, representam um desafio sem precedentes para a democracia e a coesão social, principalmente em época de eleições, quando as disseminações de notícias falsas crescem rapidamente.
"A gente percebe um aumento de conteúdo desinformativo relacionado à política. Nos períodos eleitorais é muito comum, tão antigo quanto qualquer outra coisa nesse mundo. As mentiras em disputas de poder são uma coisa que é batida, só que nos últimos anos ela tomou uma proporção diferente com a internet e com as redes sociais, virando uma coisa sistematizada e usada para enganar", explica Carol Macário, repórter da Agência Lupa. Fundada em 2015, a Lupa iniciou sua trajetória como uma agência de notícias especializada em Fact-Checking, expandindo suas atividades para técnicas de checagem.
"Quando a gente for pensar nesse assunto, em campanha eleitoral e checagem de fatos, eu acho que vale a pena a gente destacar primeiro que as fake news não são um fenômeno recente. Elas são utilizadas e acontecem desde os primórdios do surgimento da imprensa. O que tivemos com as redes sociais foi uma mudança do local onde elas ocorriam, hoje se espalham mais pelas próprias redes sociais e por aplicativos de mensagem", disse Ricardo Tesseroli, pesquisador e professor da UFPR.
Na esfera política, as fake news podem influenciar o processo eleitoral, manchar reputações e até mesmo incitar a violência. Ao distorcer a realidade e semear a discórdia, elas minam a confiança nas instituições e dificultam o debate público saudável. No contexto da era pós-verdade, a desinformação em forma de "notícias falsas" encontra terreno fértil nas redes sociais, despertando a preocupação da mídia tradicional brasileira e colocando em risco a reputação do jornalismo nacional. "A gente que trabalha com política sabe que fake news sempre existiu, só ganharam uma visibilidade maior, para ter uma ideia, antigamente existiam os chamados panfletos nos jornaizinhos apócrifos, que eram distribuídos em larga escala durante o período eleitoral, cheia de fatos e fofocas, sendo muito característico de cidades do interior", comenta Tesseroli.
Sites que propagam desinformação prosperam com a atenção do público, impulsionando a produção de conteúdo enganoso e incentivando a publicidade em torno de notícias falsas, sempre em busca de cliques e alimentando a proliferação de notícias falsas em sites que lucram com anúncios, criando um ciclo vicioso que dificulta o combate à desinformação. "Na internet todo mundo tem acesso a conteúdos, para o bem e para o mal, então para o mal significa que chega muita abobrinha, para o bem significa significa que essas abobrinhas você tem a possibilidade de ver se é isso mesmo", fala Carol Macário.
Ao nos mantermos informados, nos tornamos pessoas mais engajadas e participativas, podendo contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e próspera. A notícia, portanto, transcende a mera comunicação de fatos, se mostrando um pilar fundamental para o desenvolvimento individual e coletivo.
Fact-Checking
A validação de informações sempre foi crucial no jornalismo. No entanto, a partir da virada do milênio, presenciamos o florescimento de uma nova modalidade: a checagem de fatos, com ênfase nas declarações de personalidades públicas, o chamado fact-checking.
A proliferação de notícias falsas, a alteração do consumo de informação e grandes veículos de comunicação com equipes editoriais reduzidas potencializam o trabalho de agências de checagem para auxiliar na apuração dos fatos, como é o caso da Agência Lupa, garantindo assim a veracidade das informações publicadas. "Para combater isso, é o que a gente vem tentando fazer. A educação midiática é um passo fundamental, tanto que na própria Lupa a gente tem um dos pilares da agência, além da checagem de fatos e verificação, é a educação midiática", finaliza Carol Macário.
