Guarapuava pelos olhos e palavras de Mauro Biazi
Alisson Batista
Jornalista e cronista de Guarapuava registra há seis décadas as histórias e memórias da cidade, unindo paixão e olhar crítico para eternizar o cotidiano guarapuavano
Mauro Xavier Biazi, 70 anos, é jornalista, escritor, fotógrafo e uma figura emblemática de Guarapuava (Paraná). Biazi, ao longo de cerca de seis décadas, tornou-se um verdadeiro cronista da cidade, usando a caneta para eternizar memórias e experiências. As obras dele não refletem apenas o próprio olhar crítico, mas também para um profundo amor pela cidade, que ele considera como lar desde 1964. “Guarapuava, a minha e de todos que passaram ao meu lado nesses 60 anos. Os meus livros, pelo menos uma boa parte deles, levam no título o nome Guarapuava. Acredito que seja uma forma de divulgar, mas também declarar amor pela cidade e pela evolução dela nesses 60 anos que estou por aqui e que vi um crescimento muito natural”, relata o escritor.
Com mais de 19 livros publicados, Biazi construiu um vasto repertório literário e visual sobre a cidade e seus arredores. Ele destaca o quanto sua experiência de vida contribuiu para a escrita e a formação como jornalista. “Eu fiz 52 funções profissionais em minha vida, desde engraxate a ajudante geral, isso me dá a dimensão do que é a riqueza da minha vida, dos feitos e acontecimentos, as vivências e tudo mais. Tudo isso me fez ter inspiração para escrever esses livros”, comenta.
Mauro Biazi se orgulha da sua mais recente obra: Era uma vez… em Guarapuava! Foto: Alisson Batista
Mauro e a conexão com Guarapuava
Para Biazi, escrever sobre Guarapuava é mais do que narrar fatos ou descrever paisagens, é uma verdadeira declaração de amor, expressada de diversas formas, seja por suas crônicas, poesias ou até mesmo registros fotográficos. “Esse amor está expressado já no título de quase todos os meus livros, o nome de Guarapuava aparece”, conta.
Um exemplo dessa conexão é o livro Era uma vez… em Guarapuava (2021). Nele, o autor reúne memórias da cidade, compondo um verdadeiro mosaico de histórias que capturam o espírito guarapuavano. Segundo Biazi, o livro ainda reflete as inúmeras vivências na cidade.
Na obra Guarapuava Escrita em Imagens (2012), Biazi levou essa relação a um novo patamar. O livro apresenta 336 fotografias da cidade, capturando desde recantos públicos até paisagens rurais. O escritor percorreu centenas de quilômetros em busca de ângulos que revelassem o que ele chama de encantos da cidade, oferecendo aos leitores um olhar único sobre Guarapuava. "Foram 10 meses registrando cantos, quintais, casas, paisagens rurais, recantos públicos, tudo com um olhar que vai além do olhar da maioria", relata.
Em era uma vez…em Guarapuava, o autor reúne memórias da cidade. Foto: Arquivo pessoal
O contador de memórias
Além das crônicas e poesias sobre Guarapuava, Biazi também se destaca por seu trabalho como um autor de biografias. Para ele, o ato de escrever histórias de vida é uma extensão natural de sua curiosidade jornalística. Ele vê o ato de narrar a vida de outra pessoa como uma forma de vivenciar as experiências, colocando-se no lugar do biografado, explorando-as sob um novo olhar.
Com mais de 60 anos de vivência em Guarapuava, Biazi deixa um legado inestimável para a cidade. O olhar atento e a dedicação em registrar os momentos importantes, seja por meio da literatura ou da fotografia, o transformam em uma figura respeitada e admirada. Ele não apenas captura a essência de uma cidade em transformação, mas também constrói um testemunho valioso para as futuras gerações. Como ele mesmo afirma, a sua obra é uma forma de eternizar Guarapuava, suas memórias e suas histórias. “Eu não posso numerar ou nominar o município, é muita experiência, muita vivência, é muita vida”, reflete o escritor, sugerindo que seus livros são a melhor forma de compreender a cidade que ele tanto ama. O desejo de Mauro é que suas palavras e imagens inspirem outros a ver Guarapuava com o mesmo carinho e orgulho que ele sente.