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Envelhecer com saúde, autonomia e de forma ativa 

Beatriz F. Viana

José de Oliveira Moraes é um exemplo de que a idade não impossibilita fazer o que se deseja

              José de Oliveira Moraes nasceu em Campos Gerais (MG), mas se mudou na infância com os pais e irmãos para cidades do norte do Paraná, como Ivaiporã e Jardim Alegre. Com 12 anos, precisou parar os estudos para ajudar o pai na roça. “Eu costumo brincar que eu não tive tempo de ter uma juventude, porque éramos muito pobres, e eu tinha que ajudar o meu pai”, relata. Mesmo sem a possibilidade de estudar naquele momento, ele não quis deixar de aprender. Então, costumava ler livros antigos do colégio em que estudava.

              Ao longo dos anos, Moraes participou de variados cursos, sem definir uma carreira, pois o que lhe interessava era buscar conhecimento. Em 2008, ele morava no Paraguai. Lá, além de construir sua família, teve a oportunidade de continuar os estudos e completar o segundo grau. “Quando eu fiz o ensino médio, senti muito orgulho de mim. Isso me deu forças para continuar estudando”, diz.

              Moraes trabalhou até os 62 anos. A partir desta etapa da vida, surgiu a oportunidade e a vontade de continuar estudando e assim o fez.  Com 70 anos, decidiu ingressar em uma graduação. Em gerações anteriores, o envelhecimento era, na maior parte das vezes, associado à inatividade e ao isolamento social. Hoje, uma pessoa acima dos 60 anos mantém uma vida ativa com engajamento comunitário, ao participar de atividades recreativas, buscar novos aprendizados e se envolver em projetos sociais.

              O senhor prestou o Enem três vezes, porque no curso que queria, não passava. Na quarta, finalmente, conquistou uma vaga em Gestão Pública. “Eu nunca desisti”, comenta. Ele era o mais velho da turma, na época tinha 72 anos. Independentemente dos olhos alheios, a família sempre o apoiou. O companheirismo familiar e a determinação o ajudaram a terminar o curso e pegar o tão sonhado diploma. Conta que, em 2023, na colação grau, dentre os 150 alunos, era o único idoso. “Mesmo com 74 anos, foi uma honra muito grande nessa idade ter conseguido fazer e concluir uma faculdade. A sensação que tenho é de emoção por não ter desistido de continuar estudando”, salienta.

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Com 70 anos, Moraes decidiu fazer a graduação em Gestão Pública. Foto: Arquivo pessoal

              Tornou-se cada vez mais comum vermos idosos assumindo novos desafios, empreendendo, buscando formas de expressão artística e construindo uma participação em sua comunidade. Quando começou a fazer o terceiro grau, percebeu que o curso falava a respeito de temáticas como a do meio ambiente. Moraes ficou cada vez mais interessado e resolveu aprofundar no assunto de forma prática. Assim, acabou adentrando em um projeto voluntário. “Ser universitário clareia a ideia, a vida, o modo de pensar, de agir. E abre a chance para ser voluntário também, porque não precisa esperar os outros mandarem fazer isso, fazer aquilo, a gente faz de livre e espontânea vontade. Uma coisa conecta na outra”, comenta.

             No projeto voluntário que participa, ele é responsável por zelar pelo meio ambiente, cuidar das árvores e cultivá-las nas praças da cidade. “Ser um voluntário me traz uma sensação de bem-estar, de dever cumprido. Se cada um plantasse uma árvore, já ajudaria muito”.

            Atualmente o senhor reside em Santa Tereza (PR), um lugar que, para o aposentado, tornou-se acolhedor. “Uma cidade muito calma, fiz muitos amigos”. E, além de voluntário, atua na Igreja Católica, como Ministro da Eucaristia. “Eu estou aposentado, mas não me vejo como uma pessoa inútil. Não quero apenas observar a minha vida passar diante de mim. Até onde eu puder ir, mesmo que seja longe, eu vou ”, expressa.

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Moares divide o tempo entre o voluntariado, o ministério eucarístico e os momentos em família. Foto: Arquivo pessoal

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