Ana Mattos e
Lilyan Horst
Uma viagem pelo passado
1810 um documentário para preservação da história de Guarapuava.
Uma terra que possui diversas riquezas e histórias, uma busca por colonização, um lugar que já era morada de um povo. Localizada na região centro-sul do Paraná, com 180 mil habitantes, a chamada “terra da cevada” contém uma história de colonização que desperta curiosidade nos guarapuavanos e nos que foram chegando posteriormente na região. O maior município em área territorial do estado, é considerado um polo regional de desenvolvimento, com forte influência dos municípios vizinhos. Faz parte do corredor do Mercosul, entre os municípios de Foz do Iguaçu e Curitiba, e é considerado também o município mais rico do agronegócio no estado paranaense.
Antes de Guarapuava ser a cidade que conhecemos ela era apenas um sertão. Aqui viviam os índios Kaingang e Xokleng e o local se chamava Koran-Bang-Re, nome levado até o século XVIII.“Nossos campos se chamavam Koran- Bang-Re (Campo Grande Claro) para os Kaingang - (donos da terra). O nome Guarapuava (lugar do barulho dos lobos) e uma nomeação Guarani, povo este que apenas passou e não viveu de fato por aqui. Municípios como Chapecó, Xaxim, Xanxerê, Goioxim e Goioerê não abandonam seus verdadeiros nomes. Somos Guarapuava mas também somos Koran- Bang-Re, pois nosso povo originário é Kaingang!”, ressalta o diretor artístico da Arte e Manha, produtor do filme Guarapuava 1810 (2010), David Felchak.
Em conversa com a história do Zilma Dalla, passamos a entender melhor a história de Guarapuava e como ela se desenvolve. “A importância que se tem de preservar a história de um povo é muito alta, pois é através disso que é possível saber a quem de fato esse lugar pertence. Preservar a história é preservar a memória”. Guarapuava 1810 é uma história de luta e conquista, o documentário foi produzido em comemoração aos 200 anos da cidade foi reproduzido na sala de cinema da cidade na época.
Nos livros, há registros que, desde os século XVI até o século XVIII, havia uma disputa entre Portugal e Espanha para colonização da região porém a cidade já despertava o interesse dos portugueses, quando em 1541 Cabeza de Vaca (colonizador espanhol) havia passado por aqui para tentar tomar posse do local .
O filme retrata a chegada da expedição de Diogo Pinto no município, com produção SOMA CineTV e direção artística Cia. Arte&Manha. Narra a história da construção da cidade e a vida dos primeiros moradores de Guarapuava. Também traz relatos de historiadores e pesquisadores, que ajudaram na construção da obra. A narrativa visa representar a história do povo guarapuavano, trazendo depoimentos dos memorialistas Nivaldo Kruger e Gracita Marcondes. O filme é um registro da vida e do trabalho de muitas pessoas que preservam a história da cidade.
O objetivo do roteiro é narrar a saga da Expedição Colonizadora dos Campos de Guarapuava, que no século XIX efetiva a ocupação do território. Revestida de abordagens épicas e heróicas, o documentário apresenta um caráter didático que ajuda a entender melhor sobre o município. Zilma Dalla participou da produção do filme. Ela diz que a história de Guarapuava é muito relativa, pois cada historiador vai construindo o seu trabalho de interpretação dos documentos, fatos, eventos históricos segundo a sua visão de mundo, segundo a sua ideologia, segundo a sua verdade. “O objetivo principal do filme Guarapuava 1810 era tentar mostrar como se deu a chegada da Expedição de 1810, que determinou a ocupação efetiva dos extensos campos de Guarapuava pelos portugueses” , argumenta Zilma.
Já para Rafael Edling, pesquisador e um dos diretores do Instituto Histórico e Geográfico (IHG), a história da região acaba sendo parte de um trabalho de maravilhamento. O pesquisador comenta a importância do filme e de registrar a história. “O documentário acaba sendo um convite para que a criança se apaixone, se maravilhe com a própria história, com a história da comunidade e vá buscar em outras fontes, em fontes primárias, nos documentos, nos livros”. Além disso, o IHG possui o cine clube que, segundo Rafael, é essencial ter o filme Guarapuava 1810 em sua programação, pois retrata a história de sua cidade.
Confira na segunda parte desta reportagem, em nosso minidocumentário disponível no canal do Meridiano no Youtube: